15.10.12


 Diante destes olhos há carros e gente que passa. Faz-se quase noite. A mão dele encontra a mão dela e agarra-a. A mão dela é a única coisa que existe. Aqui o silêncio diz todas as palavras. As duas mãos fecham-se à procura uma da outra, deixam de ser mãos e passam a ser dois seres vivos que se encontram, uma mão fechada pela outra e aberta pela outra, o que importa são as duas mãos agarradas à procura uma da outra. Atravessam o Tejo. Vão de mãos dadas. Levam-nos os passos que dão enquanto ouvem a cidade ao longe. Não sabem o que lhes acontece, talvez por isso fiquem assim, quietos.